Gestão de conflitos em empresas familiares

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Como há tempos observou Dale Carnegie: “Os maiores êxitos profissionais devem-se à habilidade para dirigir as pessoas.” E, muitas vezes, essa é uma qualidade escassa até mesmo nas relações entre familiares que trabalham juntos em uma mesma empresa.

Isso porque falta transparência e sobra autoritarismo na liderança, orgulho e recusa ao diálogo entre familiares.Sentimentos que explicam porque, no Brasil, onde 90% das empresas são familiares, apenas 30% dessas chegam à segunda geração. É o que indica uma pesquisa realizada pelo Insper – e também o que talvez você poderá notar olhando ao seu redor.

As razões que levam ao fracasso são diversas. Como escreveu o romancista russo LievTolstói, “As famílias felizes são todas parecidas. As infelizes são infelizes cada uma à sua maneira”. No entanto, é possível mapear os motivos comuns de conflitos e, a partir disso, apontar caminhos para a reconciliação. Afinal, problemas na empresa familiar afetam diretamente a relação doméstica, e ninguém é capaz de suportar um mal-estar desses por muito tempo.

É provável que você encontre o seu conflito nesta lista

A maioria dos conflitos numa empresa familiar envolve disputas por poder. E comportamentos como os seguintes configuram o início perigoso de uma derrocada nos negócios:

  • A liderança toma decisões centralizadas, pouco transparentes, com mínima participação dos demais envolvidos;
  • Familiares superprotegidos apesar do baixo desempenho;
  • Familiares contratados pelo parentesco, não pela competência ou compatibilidade de valores;
  • Os pais acreditam que todos os filhos devem trabalhar na empresa, sem avaliar o seu interesse e aptidão para o negócio;
  • Os mais novos desejam inovar e os mais velhos preferem a tradição;
  • Um dos familiares se sente preterido nas decisões ou sente que trabalha mais que outros e deveria ser recompensado por isso;
  • Familiares externos à empresa desejam opinar nos negócios;
  • Divergência na escolha do sucessor do fundador da empresa.

Atentos a isso, podemos agora abordar as soluções, as tão esperadas soluções.

Vamos às soluções

Poder dividir as angústias e poder celebrar os sucessos com a sua família. Talvez isso não seja impossível como parece, se você seguir alguns passos:

1. Vamos sentar ao redor desta mesa, nós todos

A crença primordial é de que, em família, estamos distantes dos conflitos que teríamos com estranhos. No entanto Dale Carnegie alerta,”ao lidar com pessoas, lembre-se que não está lidando com criaturas lógicas, mas com criaturas repletas de preconceitos e motivadas pelo orgulho e pela vaidade”.

Indo mais a fundo do que o orgulho e a vaidade, vemos que, muitas vezes, as crises em um negócio de família surgem como resultado de questões históricas reprimidas, preconceitos silenciados e rancores antigos, que vêm à tona. Como contornar?

Antes de desejar contornar, o primeiro passo é reconhecer que essa série de fragilidades humanas não torna a sua família anormal. Questões íntimas devem ser resolvidas: em particular, apenas entre os envolvidos.

Enfrentar o passado para deixá-lo no passado, e não torná-lo um muro para o futuro. Somente assim, poderemos evitar “andar em círculos” e deixar que as questões do presente sejam superadas com pensamento crítico, e não aos golpes da emoção.

A saída, embora muito falada, mas nem sempre suficientemente aplicada, é o diálogo. É quando todos, ao redor de uma mesa, ou em suas funções do dia a dia, entendem que têm o direito de expressar suas opiniões e preocupações. A “delicadeza familiar” não pode ser entrave para o êxito do empreendimento, da mesma forma que em qualquer outro empreendimento, de natureza não familiar.

Diálogo. Entre todos. Se, por exemplo, o conselho está em meio a uma decisão e há membros da família que se ausentam, identifique quem são essas pessoas e as envolva no processo, perguntando pela sua visão. A harmonia nascerá daí.

2. Hora de definir um plano de ações práticas

Ricardo Mollo, especialista em empreendedorismo, oferece algumas sugestões para uma gestão de conflitos que possa evitar ao máximo que eles sequer apareçam. Indicamos a seguir, com sutis alterações nossas:

  • Forme um conselho familiar. Ou seja, o grupo de sócios que se reunirá periodicamente para tomar decisões.
  • Podem ser incluídos todos os membros da família ou alguns que representam o interesse de todos e pessoas externas à empresa, como outros empresários e consultores, de forma a avaliar com afastamento crítico a visão familiar sobre os assuntos em discussão. Com esse conselho de sócios familiares, será possível definir os objetivos da empresa e suas expectativas individuais.
  • Defina logo no início quem vai trabalhar na empresa e quem não irá, qual será a hierarquia e o papel de cada sócio. Atente-se às competências necessárias para as atividades, e como cada pessoa complementa as demais.
  • Estabeleça regras claras para a entrada de familiares na empresa e na sociedade, determinando competências necessárias, preparação e treinamento prévio.
  • Determine regras claras também para remuneração (incluindo em caso de doença ou pensão em caso de falecimento), promoção, participação nos resultados e investimentos.
  • Mantenha as contas bancárias e seu patrimônio pessoal e o da empresa separados.
  • Estruture um plano de sucessão e de desenvolvimento dos sucessores, definindo seu papel e condições para que realmente assumam suas atividades no futuro.
  • Documente essas decisões prévias para consultá-las sempre que preciso. E sempre que uma decisão for importante, que todos os membros da família assinem um acordo familiar.
  • Evite transmitir para os demais colaboradores questões estritamente familiares.

Conclusão: Tudo tem um timing, cada conflito no seu tempo

Ao lidar com conflitos de empresas familiares, o timing é essencial. É imprescindível que o assunto seja abordado quando for a hora certa. Os problemas podem ser causados e os conflitos, exagerados, se as decisões forem tomadas cedo ou tarde demais.

Existem muitas condições que determinam quando é a hora certa para abordar um assunto, mas é importante reconhecer que, no ciclo de vida de um conflito, há vários momentos oportunos para resolver um problema. Muitas vezes, o conceito de “momento certo” é nebuloso e a ignorância leva à procrastinação, o que pode ser bastante arriscado, por dificultar a intervenção e a gestão do conflito.

Para se aprofundar no assunto e saber reconhecer a melhor hora e a forma mais apropriada de agir, recomendamos a você a Dale Carnegie — criada a partir dos fundamentos de Dale Carnegie, conselheiro de grandes líderes mundiais e autor das obras “Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas” e “Como Evitar Preocupações e Começar a Viver”. Converse com nossos consultores!

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